domingo, 29 de maio de 2011

O impossível carinho (Manuel Bandeira)

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
Eu soubesse repor
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

terça-feira, 24 de maio de 2011

E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas à distancia, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas tem na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora. Certamente eu nunca seria capaz de ser feliz, de me casar, nunca poderia ter filhos. Mas que diabo, eu nem conseguia um emprego de lavador de pratos.

Talvez eu pudesse ser um ladrão de bancos. Alguma porra. Alguma coisa flamejante, com fogo. Você só tinha direito a uma tentativa. Por que ser um limpador de vidraças?

Charles Bukowski

domingo, 8 de maio de 2011

Eu quero essa solidão que você me trouxe

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

eu tenho a sensação de que tudo está se perdendo atrás do oceano

domingo, 2 de maio de 2010

De certo valor emocional que em outros tempos apagarei (Tempos que nunca chegarão)

Nada sou e nada serei e não me enquadro em nada em que eu devia enquadrar. E quando eu penso que vai dar certo, é aí que tenho que pensar em que não irá. Pois nada sou e nada serei.

E se eu bato em um mesmo ponto já calejado, é porque não mudei. Pois nada sou e nada serei.

E se eu procuro atenção é porque eu preciso, certamente, agora mais do que nunca precisei. Pois nunca como agora precisei.

Será que devo me perdoar por tanto falhar?

Pois mais do que nunca preciso do que procuro. Mas falhei.

Não há lar para um corpo em que não cabe em nenhum assento.

E quando penso que encontrei, é quando não encontrei. E, quando teimo, tremo meus olhos de fronte a uma tela iluminada, é que fraquejo. Queria tanto dizer o quanto eles já lacrimejaram por você em silêncio. De uma forma que você nunca verá. Até minha boca chegar de fronte a sua. E cada palavra que eu diga me faça despertar em um cômodo sem luz alguma, pois estou lá sem voz nenhuma, me recordando do vazio que trespassa meu peito e de uma voz em minha cabeça (já calejada) que insiste em martelar:

Um tal de nada sou nada serei...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A tristeza está semi-nua, vestindo qualquer shorts na praia, sentindo que o mar recua e que a areia afunda.

domingo, 26 de julho de 2009

ASDSADDAS

Posso dizer que a chuva entrou doída em meus ouvidos, cansado como estava, a dor era inevitável. Encharquei totalmente. Aquele dia um milhão de flechas flamejantes atravessaram meu coração. Hoje, frio que me dói o corpo, estou nu na chuva. Pedaço podre de corpo sangrando pelos ouvidos. Ensurdeço. H. J. disse uma vez para eu não esperar em mesmo lugar, mas o que eu poderia fazer? Me disse também o que poderia acontecer a mim, eu fui avisado. F. P. já não me foi muito clara, só me disse boa noite. Então eu não sabia muito bem o que sentir, nem o que pensar. Eu não sabia nada, ainda não sei, não entendo nada de nenhuma teoria. Parece que a chuva parou. Ou está em outro lugar. Quando eu via aquela seringa furar sua pele eu me assustava, por que joga em minha cara onde eu sou fraco? Por que não aceita minha fraqueza? Vi muitos monstros durante o meu sono, acordava assustado durante algum sonho, ofegante suava e tentava fazer algo. Nunca vou me esquecer. Tudo parece como essa chuva que vem do nada e some, some, some. Mas deixa meu ouvido sangrar e dois dedos de uma bebida qualquer.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um ponto qualquer ao céu

De manhã
eu me apago junto às estrelas
De noite
eu me vou junto ao sol

Sou uma luz
a piscar em slowmo
sem poder parar

Mas tão distante sou
que adiante
me confundem
com um vagalume
a pairar do céu
para onde estou

terça-feira, 30 de junho de 2009

#1

Não cativei ninguém, não sei se isso quer dizer que não sou um sequestrador ou qualquer coisa do tipo. Mas acho que estou em um cativeiro. E eu não gosto nem um pouco de quem me cativou: a Vida.

Ela é relutante e distraída, sempre me esquece. Mas me sinto na obrigação de estar aqui, parece que Ela se divide no que acontece, no que aconteceu e no que acontecerá. Ela me deixa tão curioso, porém tão frustrado ao mesmo tempo.

Ela um dia me apareceu vestida de negro, até hoje não sei se era realmente Ela. Fora em um dia de desespero, Ela era tão viva e intensa e parecia me querer tanto. Mas quando se aproximou senti um frio imenso.

Depois disso o único frio que sinto é aqui dentro, enquanto tá calor lá fora. A Vida mal me conhece e não parece querer conhecer. A Vida me cativou, mas ela não se tornou responsável por mim. A Vida não tem cor.

sábado, 27 de junho de 2009

Dorme cedo.
Acorda cedo.
Não chore.
Não se iluda.
Sua dor não vai ser escutada.
Não tome remédios.
Não se deprima.

Você é tudo
em sua vida.

Já é hora de ser alguém.
Já é hora de ser alguém.
Já é hora de ser alguém.
Já é tarde nesse céu,
nessa noite.
Já é noite nesse céu,
nessa dor.

Suavemente,
em equilíbrio divino
nasce um novo anjo,
em berço excêntrico
com suas asas a florir
uma nova manhã.

Aqui é a terra de ninguém,
de todos e mais alguém.

Já temos o oceano,
a vida, a agonia,
o infinito espaço...
e assim nasce um novo dia.

Fecha os olhos com a imensidão
para nunca mais os abrir.