E naquele dia imaginei minha face esfolar na parede descontrolada por onde o trem passava e pelo qual estava protegido pelo vidro e alguns centímetros de distância. A velocidade e o som me impeliam a aproximar e sentir a face desgrudar, a pele se desfazer, o sangue espirrar e a dor sumir. A falsa proteção dos trilhos e toda bobagem da não-aproximação até chegar ao fim do concreto erguido e um túnel gigantesco com trilho por todos lados me trazer o vazio.
Estou de pé e o som assustador se aproxima, abafa tudo ao redor. Enquanto o som aumenta denunciando sua aproximação me vejo pisando na faixa amarela, olho para frente. E quando o som desaparece, percebo o ataque sorrateiro. De repente, uma sucessão de metais e vidros passam pela minha visão. Abrem-se as portas, eu entro.
Olho pela janela o reflexo de todos a minha esquerda. Se olho para fora, vejo dentro. Se fecho os olhos o que está fora insiste em aparecer. Abrem-se as portas, eu saio.
Pego os trens na mão. Se eu descarrilho, o sangue espatifa. Se desmaterializo na outra estação, teletransporte. Tudo tende à destruição, se caracterizando pelo uso com objetivo para um fim ou para um meio.
E por fim, questiono assim, um clichê esperado: o objetivo que eu procuro justifica as dores que sinto e faço sentirem os outros no intermeio de toda essa ação? Eu mesmo responderei não, e digo mais, o meu sangue se misturaria com o dos outros e essa mancha seria permanente.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
hoje uma mulher tentou entrar no metrô lotado, ignorando que não tinha espaço nenhum sobrando, nem pra eu entrar [então estava lotado mesmo] daí, com o apito, as portas se fechando, a mulher voou para fora =O deu muito medo! cuidado, viu ygor
Postar um comentário