sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Eu não sou nada. Não faço nada e se eu fizesse eu não ia gostar. Sem graça. Por isso que eu sou assim. Sou sem graça. Não precisa falar comigo. Já acostumei (nesse momento esboça-se um sorriso irônico no rosto de quem escreve para descontrair), eu não vou acrescentar nada em sua vida. Minha experiência aqui é nula. Então não finja sorrisos quando me vê, não finja que eu existo. Porque eu não existo, não estou aqui. Não finja rir das minha piadas, porque eu sei que elas não têm graça. Ninguém ri delas. Só você finge. Por que só naquele momento você faz isso? Você não me procura, nem finge me procurar. Eu não entendo. Não vou terminar o texto com uma moral surpreendedora, ou de alguma forma que demonstre um entendimento sobre isso. Nem um final feliz. O problema deve ser eu, me calei para o mundo. Sabe teoria do caos? Eu nasci, quais seriam meus pensamentos depois de anos? Algumas coisas me distorceram, e se eu fizesse tudo diferente? Então, até os menores acontecimentos me mudaram. Até mesmo um tropeção na rua. Eu cai e cai, e agora eu sou o que sou hoje. Leia a primeira frase do texto.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Esses dias eu não estou lendo muito não. To cheio de livros aqui, mas não tenho a mínima vontade de ler. Ando fazendo bastante palavras cruzadas. É legal. Palavras novas aparecem enquanto eu me divirto. Não que fazer palavras cruzadas seja muito divertido. Mas ou eu durmo, ou fico no computador procurando algo pra fazer. Ou eu faço palavras cruzadas. Na verdade eu tinha que estudar física a essa hora. Mas não estou estudando. Toda aquele negócio de sombra, penumbra. Eu não via esse negócio de sombra desse modo. Para mim, sombra era onde eu estava durante esses 17 anos. E ainda é, mas não tão intensamente como antes. Eu me sinto melhor nesse exato momento. Quero pensar que tudo vai melhorar como na prova de matemática que fiz hoje. Fiquei lá, sentado, tentando achar que eu sabia alguma coisa daquela matéria. Mas eu não sabia nada. Não vou fazer um final para esse texto. Se alguém ler, vai chegar aqui e vai achar estranho. Mas vai ser assim, ou não. E se eu escrever uma palavra no fim? Talvez duas.
o mesmo peixe azul
daquele meu aquário
agora nadando
em lagos do sul

sábado, 8 de setembro de 2007

+1

mais um dia lindo
todos felizes
sol na cara da menina
céu azul
fecho a janela
grandiloquente
fecho a vida

memórias que nem ele escreveu

Garoto sonhador. Ele entrava no ônibus, sentava em um banco sozinho e ocupava o menor espaço. Olhava pela janela e se perdia em tantas coisas, de repente seus olhos já estavam esquecidos e alguma pessoa sentava ao seu lado com as pernas arreganhadas, sem se preocupar, empurrando seu corpo contra o chiclete mascado por um doente que deixou seu rastro no vão do banco. Sua face quase tocava o vidro sujo, cheio de baforadas. Estava cheirando álcool. Ele estava no espaço. Não demorava muito para chegar em casa, como programado ele deixava seu mundo e olhando pra cima, via o farol vermelho quase estalando para virar verde. Ele sempre se levantava nesse segundo, para não se atrapalhar. Tropeçou em alguma pessoas. Seu intento de alcançar o fim do ônibus e chamar a atenção do motorista foi alcançado. Não com muita demora, ele descia. Pulava o ultimo degrau e já saia andando. Andava desolado pela rua, as vezes se equilibrava na guia.
Tentava atravessar a rua, mas os carros não o deixavam. Achou uma brecha e atravessou. As pessoas achavam normal os carros passarem no vermelho, ele não. Estava irritado. Cruzou por muitas pessoas que ele nem queria mais ver. Abriu a porta da sua casa que produziu um som penetrante, estranhamente isso lembrou dos 3 dias de feriado que se seguiriam. Coisa velha, esquecida. Sentou no sofá, deitou e se esqueceu. Sua mãe o chamava, mas não havia nenhum sinal dele nesse mundo. Acordou no dia seguinte, nem parecia que havia adormecido. Eram oito horas da manhã, sonhos se arrastaram durante essas 9 horas de sono, nenhum mais estava em sua mente, tinha se mexido quando acordou. Nem se importava. Três dias em casa, acordava e dormia com o mesmo pijama, todo dia. Sua mãe o perguntava se tinha tomado banho durante esses dias. Não. Ele não havia tomado banho. Ele tentava forçar desculpas dizendo que era pra não gastar água e o dinheiro, que era pouco, de seus pais. Ia começar a rotina novamente, tomou banho e fez a barba que cobria todo seu rosto esquecido.
Madrugada ainda. Escuridão da alvorada. Helicópteros jogavam flashes sobre aquele ônibus. De cabeça para baixo. Há muito tempo devia estar ali. Nada dentro do ônibus sobreviveu. O garoto estava de cara nova, mas a única coisa que o restou foi um caixão pequeno em um cemitério pequeno. Mas ele queria mesmo ter doado seus órgãos e queimado o resto. Ninguém sabia.

ela iluminou as estrelas empoeiradas

Passamos o tempo juntos, tentando esquecer nossas angústias, inventando nossas histórias e olhando para a felicidade que dançava em nossa frente.

Nós chegamos em um lugar desconhecido. Lá havia uma grande árvore coberta por tons cinzas do pó que a cobria. Nenhum vento ousava passar por lá. Então subimos nela e em um galho sentamos, limpamos a poeira com nossos traseiros, eu e ela. Ficamos ali, não era necessário conversar, parecia que o dia fluía e, juntos, passamos a apreciar o tempo. Ela e seu olhar tão terno. O sol já se escondia e em tons tão lindos ficava o céu. Laranja, rosa, verde e roxo. Sol tão belo, nos observava. Por entre as montanhas ia sumindo. Enquanto o rio continuava a correr, agora marrom, do barro que se desprendia das montanhas enquanto o sol se aproximava. Já era tarde. Descemos. E corremos de volta para onde viemos, atravessando o verde escuro e ásperas folhas. Pulamos o rio. E nos separamos, cada um indo para o seu lar. Entrei em minha casa vermelho ferrugem com detalhes brancos desgastados. Logo deitei minha cabeça no travesseiro, procurei o lado mais gelado, fechei meus olhos enquanto a lua observava. Já estava acordado e o sol também. Para que ter sonhos enquanto dormia? Se eu e ela conseguíamos sonhar acordados. Corri pro lugar que antes era desconhecido. Subi a árvore, seguindo o par de pés que pisaram lá no dia anterior. Sentei e olhei para o lado, nada. Ela não estava lá. O lugar onde ela sentava estava empoeirado. Por alguns segundos fiquei desiludido, mas, de repente o vento que nunca passou por lá chegou e levou o pó, eu e meus sonhos para as estrelas que, empoeiradas, não brilharam mais. Mas ela estava lá, todo o brilho que eu precisava.

sábado, 1 de setembro de 2007

confusão em um céu de brigadeiro

Não sei porque eu fiz isso, talvez foi para me aproximar mais das pessoas. Quase todos que eu conheço e que considero amigos tem isso. Mas eu vou me distanciar, como sempre. Como sempre. Me vejo sentado em um banco, sozinho. Momento bizarro quando o banco se desmancha. O que eu sempre fiz na vida é ficar longe. Distante. Não exprimir o que eu penso. Pensamentos distantes. Estou sumindo. Eu em um fundo branco, nada em volta. Sensação estranha. Tento descrever agora o quanto foi ruim. Como se a imagem fizesse eco. Todo esse eco voltado para mim. Então minha visão não está mais onde devia estar, tão como meus pensamentos. Acordo no outro dia, me olho no espelho e não sou mais eu. Todo dia não sou eu. Dias que me fazem pensar. Você nasceu para voar, li por aí. Então vôo, não em meu corpo, pois ele está paralisado. Pedaço de carne. O que eu faço agora? Frustração de toda essa vida suja. Agora no escuro eu me aperto, curvado. Não sei o que passo ser para os outros. Sou mais um. Menos um agora. Sou negativo. Que tudo acabe com um choque. Terra sagrada, Terra morta. Todos se foram, e eu em fundo branco. Me traga cor, por favor. Turbilhão de pensamentos jogados compondo uma vida confusa. Mão na testa, olhos focados no chão.
Vida Perdida.